– Então – diz o proprietário – Tudo é relativo. É por isso que eu acredito que toda a moral não é absoluta é que certo e errado é algo que o indivíduo deve determinar dentro dos limites da sociedade. Mas não há um certo e errado absoluto.
– É uma perspectiva muito interessante – diz o ladrão. – Eu entrei acreditando que existia um Deus e que existia certo e errado. Mas eu abandonei tudo isso e concordo com você que não existe um certo e errado absoluto e que nós somos livres para fazer o que queremos.
O ladrão deixa a loja e volta à tarde para assaltar. Ele desarma todos os alarmes e travas e está no processo de roubar a loja. Neste momento entra o proprietário por uma porta lateral. O ladrão saca uma arma. O proprietário não pode ver a face do ladrão porque este usa uma máscara de ski.
– Não atire em mim – diz o proprietário. – Por favor, pegue o que quiser e me deixe me paz.
– É exatamente isso que eu pretendo fazer. – Diz o ladrão.
– Espere um pouco. Eu conheço você. Você é o homem que estava na loja hoje cedo. Eu reconheço sua voz.
– Isso é muito ruim para você – diz o ladrão. – Porque agora você também sabe como eu sou. E como eu não quero ir para a cadeia eu vou ter que matar você.
– Você não pode fazer isso – diz o proprietário.
– Por que não?
– Porque não é certo. – implora o homem desesperado.
– Mas você não me disse hoje cedo que não há um certo e errado?
– Isso é errado porque a sociedade diz que é. Como você pode ver, eu não reconheço o direito da sociedade impor moralidade sobre mim. Tudo é relativo. Lembra-se?
– Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro. Eu prometo não contar para ninguém como você é. Eu juro!
– Eu não acredito em você e não posso arriscar.
– Mas é verdade! Eu juro que não conto para ninguém.
– Desculpe, mas isso não pode ser verdade, porque não há verdade absoluta, não há certo nem errado, nem erro, lembra-se? Se eu deixar você viver e sair você vai quebrar sua promessa porque isso tudo é relativo. Nâo há chance de confiar em você. Nossa conversa esta manhã convenceu-me que você acredita que tudo é relativo. Por causa disso eu não posso crer que você irá conservar sua palavra. Eu não posso confiar em você.
– Mas é errado me matar. Não está certo!
– Para mim não é nem certo nem errado matar você. Uma vez que a verdade é relativa ao indivíduo, se eu matar você, esta é a minha verdade. E é obviamente verdadeiro que se eu deixá-lo vivo eu irei para a prisão. Lamento, mas você mesmo se matou.
– Não! Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro.
– Implorar não faz diferença.
(Bang!)
Se o relativismo é verdadeiro, então qual o problema em puxar o gatilho?
Talvez alguém possa dizer que é errado tirar a vida de outra pessoa sem necessidade. Mas porque seria errado se não há um padrão de certo e errado?
Deixe um comentário