Por que a coreografia não é a vontade de Deus para o culto cristão?

1) PORQUE É UM MEIO ATRASADO E PRIMITIVO DE COMUNICAÇÃO QUE COMPROMETE O CULTO À OBSCURIDADE E AO ERRO.

O  meio mais direto, perfeito e objetivo de nos comunicarmos com Deus é  por meio da palavra inteligível. Os movimentos corporais podem  representar simbolismos nas muitas religiões pagãs e de mistérios pelo  mundo afora; mas só o culto revelado a Israel (Rm 9:4) contém os  verdadeiros elementos que agradam a Deus. Nada há no culto de Israel que  lembre o culto pagão das nações vizinhas, que era recheado de danças  folclóricas. O louvor de Israel sempre foi por meio de palavras  inteligíveis, e não por expressões corporais. Além disso, teria que  haver uma codificação dos movimentos, para que a igreja pudesse ler e  decodificar o significado de cada movimento, o que é impossível, pois  como é uma dança ao som de músicas, as letras das músicas confundiriam  as letras expressas pela linguagem corporal. Ainda assim, a expressão  corporal seria inviável para o culto porque o corpo é mudo e seus  movimentos limitados, tendo-se que repetir as mesmas coisas  significadas, e caindo no erro das vãs repetições.

A coreografia  é proibida pelo apóstolo Paulo por representar uma forma muda de  expressão que nada expressa. Nenhuma formalidade sem sentido deveria  fazer parte do culto cristão, (I Co 14:8-9). A própria palavra louvar  (do lat. Laudare) sempre está relacionada a “dizer algo inteligível à  mente”, “bendizer”; assim sendo nunca poderia ser empregada para gestos  ou expressões corporais. O Salmo 150:4 emprega o termo para “adulfes e  danças” porque está citando a expressão de Êxodo 15:20-21, que é  acompanhada de bendições em alta voz por Miriam e as mulheres que  acompanharam o coro.

Todo meio obscuro de cultuar a Deus é  proibido em sua Palavra, pois a igreja tem entender a mensagem para dar o  amém, (I Co 14:16). Toda forma de culto que não comunica a mensagem  inteligívelmente, é semelhante a falar ao ar, (I Co 14:9). Além do mais,  o apóstolo Paulo ensina que o culto cristão é racional, pertencente ao  entendimento, (Rm 12:1). Cultos em que não se entende a mensagem ou o  louvor, são caracteristicamente pagãos em sua essência.

Usar  exemplos de Miriam ou Davi é cometer sério erro hemenêutico. Eles  dançaram porque quiseram; não estavam obedecendo a nenhum mandamento da  lei, nem seu exemplo ficou para ser seguido. O povo de Deus não segue  exemplos, e sim ordens.

2) PORQUE NÃO É PARTE INTEGRANTE DE NENHUM DOS MEIOS DE GRAÇA, E, PORTANTO NÃO PODE FAZER PARTE DO CULTO.

Além  dos sacramentos e da palavra, Cristo e os apóstolos não instituíram  nada mais como meio de graça para o povo de Deus. Todos os elementos do  culto cristão são, necessariamente, meios de graça. Mas fica difícil  explicar como um grupo de mulheres fantasiadas e dançantes se tornariam  um meio de graça para a igreja de Cristo. O que coreografia tem a ver  com a história da redenção? O que as danças comunicariam à mente dos  crentes? A música cantada é ordenada nas epístolas paulinas, e foi usada  por Cristo ao término da ceia; nada há, porém, quanto à dança.

3) PORQUE NÃO FAZ PARTE DE NUNHUMA ORDEM LITÚRGICA ENCONTRADA NO VELHO OU NOVO TESTAMENTO.

A  própria expressão “dança litúrgica” é precária, pois não há nenhuma  liturgia de culto onde haja danças no Velho ou Novo Testamento.

O  culto foi uma das dádivas pactuais dadas ao povo de Israel, e sobre o  qual a nova aliança é inspirada. Não há nenhum registro do culto no  Antigo Testamento que danças fizeram parte do culto israelita no templo.  O culto de Israel era santíssimo, e jamais seria profanado por  elementos de cultos pagãos. Os povos vizinhos de Israel adoravam o sol,  as estrelas, gatos, serpentes, jacarés, deusas, e deuses, dançando  religiosamente para eles. Esse culto dançante era originado da própria  vontade humana, mas o culto do Deus de Israel tinha origem divina, e foi  revelado pelo próprio Deus ao seu povo, (Rm 9:4); em nenhum lugar da  revelação Deus requereu danças; elas eram exatamente o elemento mudo das  religiões pagãs daqueles tempos. O mesmo pode-se entender no Novo  Testamento. Nenhuma evidência há para uma tradição pagã entre os crentes  da igreja primitiva.

4) PORQUE NÃO HÁ MODELO NEM MANDAMENTO APOSTÓLICO PARA ISTO.

As  ordens apostólicas do conteúdo do culto no que se refere a louvor é  salmo, (I Co 14:26); salmos, hinos e cânticos espirituais, (Ef 5:19). Em  nenhum lugar da tradição apostólica foi incluída coreografia, sendo,  portanto, uma tradição humana acrescentada ao culto cristão.

5) PORQUE ROUBA A GLÓRIA DE CRISTO E MACULA O CULTO DIVINO.

O  movimento moderno secular de coreografia na igreja apresenta-se como um  show, bem ensaiado, e que, impecavelmente pretende agradar à  expectativa de quem assiste. A atenção dos expectadores está em  acompanhar os movimentos dos corpos brilhantes e coloridos e conferir as  falhas e os acertos para depois atribuir-lhes elogios. Nada há na  coreografia que leve a mente dos crentes a glorificar a Cristo, pois os  corpos dançantes não falam à mente. Se nada comunicam, acabam distraindo  a mente dos crentes e desviando o foco das atenções do verdadeiro culto  que é Cristo.

Nenhuma dançarina vai a um palco querendo dar  glória a outrem, pois ela está ali para “demonstrar” e não para levar a  mente das pessoas cativas a outro lugar que não sua própria pessoa.  Assim, as dançantes amaldiçoam-se por roubar a centralidade da adoração a  Deus, (Atos 12:21-23), por receber honras e elogios que deveriam ser de  Cristo, e por tornar a adoração a Deus em show, culto profano e pagão.

6) PORQUE A COREOGRAFIA SEMPRE ESTÁ ENVOLVIDA COM CARNALIDADE.

Na  coreografia, os movimentos dançantes são voltados para demonstrações  dos corpos de quem dança. A mente de quem assiste é eficazmente desviada  para contemplar movimentos, e não para pensar em Deus ou em Cristo. As  moças fantasiam-se sensualmente, – exatamente como procedem as  dançarinas mundanas para atrair olhares, e provocar impressões  sensoriais fortes em quem assiste. Quando dizem que estão imitando a  profetisa Miriam, com coreografias modernas, tais coreógrafos  esquecem-se de que uma profetisa judia nunca vestiria trajes tão  pecaminosos como as atuais fantasias que circulam nos palcos  eclesiásticos dos nossos dias. Pelo efeito que produz, a coreografia é  uma obra de sensualidade, voltada para o pecado da carne; e o pendor da  carne é morte, (Rm 8:6).

7) PORQUE É PECAMINOSO POR ENALTECER A NATUREZA HUMANA.

Nada  pode ocupar o centro da adoração cristã senão a Palavra de Deus, por  meio do pregador. As danças, os conjuntos, cantores e corais são  terminantemente proibidos de ocupar o lugar central da Palavra de Deus  no verdadeiro culto cristológico. Todas essas pretensiosas formas de  expressões de louvor são individuais e particularizadas, devendo apenas  ser para uso de cada um em ambiente privado, não na igreja. Na igreja o  culto é público, e o louvor sempre é congregacional. O apóstolo Paulo  foi incisivo contra os coríntios com seus individualismos em detrimento  da igreja como corpo. A visão de cantor A, conjunto B, coral C, que se  apresentam sozinhos, segregando-se do louvor congregacional, nada mais é  do que uma visão de fama, e isto é pecaminoso aos olhos de Deus.

Uma  expressão absurda que se usa muito nas liturgias seculares é o termo  “participação especial” para designar um cantor que vai cantar na frente  da igreja. Sem perceber, o liturgo anuncia que o culto vai parar porque  alguém mais especial vai cantar.

Sempre que houver o incentivo  à manifestações particulares de louvor, a tendência é à segregação,  individualismo, fama, elogios, e exaltação à pessoa que canta ou grupo  que se apresenta. Assim sendo, tais modelos são carnais, (Gl 5:20-21) e  devem ser evitados na igreja de Cristo. Todos esses modelos são  seculares, trazidos do mundo pagão para dentro da igreja, sem nenhuma  base bíblica. No céu toda a igreja cantará em um coral universal; lá não  haverá participação especial de A ou B. Se a igreja de Cristo quer  agradar a Deus, então, deverá copiar o modelo das coisas celestiais, e  não das terrenas, (Cl 3:2).

8) PORQUE É AFÔNICA E DENUNCIA-SE DESNECESSÁRIA

A  mais absurda idéia que podemos ouvir dos defensores da coreografia na  igreja é que ela é uma maneira de louvar a Deus. Usam os textos dos  Salmos 150 e o exemplo de Miriam (“Se ela dança, eu danço!”), e o  exemplo de Davi – textos que tratarei mais adiante – para fundamentar  uma teologia contraditória, por desconhecerem a verdadeira idéia do  salmo 150 e do exemplo de Miriam.

A grande contradição da  coreografia é que ela precisa da música para louvar. Ora, como pode um  corpo dançante louvar, se louvar é bendizer, e o corpo nada diz?

Ao  olharmos para o Salmo 150:4 (“Louvai ao Senhor com adulfes e danças”), o  termo hebraico mahol “dança”, é um termo usado como símbolo de alegria  após uma vitória. Normalmente uma mahol era acompanhada de adufes (tof);  por isso o salmista usa o conjunto “adulfes e danças”. A expressão  hebraica do Salmo 150:4 é exatamente a mesma encontrada em referência à  dança de Miriam em Êxodo 15:20, em sua forma verbal (“tocaram adulfes e  dançaram”). Algo muito importante que muitos deixam de esclarecer é que a  dança de Miriam nada tem a ver com o moderna coreografia praticada nas  igrejas. Vejamos as diferenças: 1) A dança de Miriam foi resultado de  uma alegria de vitória do povo de Israel sobre os egípcios; 2) Foi  acompanhada por um instrumental próprio; 3) Constituiu parte do ato de  louvor a Deus pela vitória, que compunha-se de repertório, som, e dança.  Daí podemos concluir: a) que Miriam não coreografou apenas gestos  mudos; b) Que é errado referir-se a Miriam apenas à sua dança, pois ela  tocou, cantou, e dançou; c) Que a parte mais importante do seu ato não  foi a dança, e sim a letra da música que ela proferiu; d) Que o que  louvou a Deus não foi o movimento do seu corpo, e sim as palavras que  proferiu para engrandecer e bendizer a Deus; e) Que a dança de Miriam  não foi uma parte integrante do louvor, e sim o resultado da alegria que  sentiu, sendo apenas uma manifestação contingente.

Uma segunda  abordagem importante é lembrar que aquele ato de Miriam foi um ato  profético extraordinário e inspirado, no qual, ela como profetisa  inspirada, estava profetizando Palavras de Deus que ficaram registradas  no cânon das Escrituras do Antigo Testamento. Portanto ninguém pode  querer dançar como Miriam dançou, porque sua dança foi um mover  inspirado do Espírito de Deus no profetismo do Antigo Testamento, que  tinha fins de escrituração da Palavra de Deus; Miriam não dançou porque  quis, e sim porque o Espírito quis. Quando as pessoas querem imitar  Miriam, estão assumindo a postura do falso profeta, pois não têm  credenciais para isto.

Quanto ao Salmo 150, estaria dando ordens  para louvar a Deus com danças? Absolutamente não! O salmista não está  se referindo apenas à “dança”, separadamente de adulfe, pois ele está se  referindo ao ato de Miriam. “Adulfes e danças” é a expressão do louvor  profético da profetisa Miriam, que foi inclusa no livro dos salmos para  ser lembrada continuamente no cântico de Israel, porque continha os  elementos da redenção de Israel.

Grande parte do erro da  coreografia deve-se à visão errada que as pessoas têm dos Salmos. A  maioria acha que os salmos são mandamentos; e quando lêem o Salmo 150:4,  acham que o salmista está ordenando ao povo de Deus a dança como  louvor. Os salmos são poemas musicais compostos pelos israelitas da  antiguidade para serem usados como hinos na adoração. Ao invés de  dançarem por causa da expressão do salmo, eles apenas cantavam o salmo;  não há nenhum indício de que os israelitas dançassem no templo. Na  verdade, o Salmo 150:4 não foi dado para imitar Miriam, mas para cantar a  vitória redentiva que ela celebrou. Portanto, o Salmo 150:4 não é para  ser dançado, e sim cantado. Bater tambores e movimentar o corpo nada diz  acerca das grandezas de Deus; portanto, não é à dança ao que o salmista  está se referindo, e sim ao que foi dito por Miriam quando dançou.

O  caso da dança de Davi em I Crônicas 15:29 tem sido usado como modelo ou  mandamento para justificar coreografia. Isto consiste muito mais em  ignorância do que exegese. Davi não deu ordens a ninguém para dançar,  nem instituiu em seu reinado a “dança litúrgica”. Mais uma vez, somente o  rei se empolgou porque estava vindo de uma vitória contra os filisteus,  e apenas ele dançou. Davi dançou e se alegrou, mas depois é que adorou  ao Senhor com cânticos dos Salmos de sua autoria, (I Cr 16:7-36). Isto é  prova de que as danças do Antigo Testamento estão relacionadas com a  história das vitórias de Israel, e nunca com a adoração. Danças no  Antigo Testamento é uma expressão de alegria, e não de louvor.

A  dança celebra alegria, festa; a única festa a qual somos ordenados  celebrar é a ceia do Senhor no dia do Senhor, (I Co 5:7,8).

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