Deus proíbe a confecção de Imagens?

Autor: Carlos Wylker

“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório.” (Ex 25,18). Muitas vezes andando nas ruas encontramos pessoas vestidas com ternos e com uma Bíblia na mão, ensinando que usar imagens em igrejas é idolatria. Por este motivo costumam chamar os católicos de idólatras, isto é, adoradores de ídolos, que quer dizer adoradores de falsos deuses. E ainda acusam a Igreja Católica de ensinar a adoração destas imagens. Os protestantes encaram o uso das imagens sacras como um insulto ao mandamento divino que consta em Ex 20,4 que proíbe a confecção delas.

A Igreja Católica sempre defendeu o uso das imagens. Estaria a Igreja Católica desobedecendo a ordem divina em Ex 20,4?

A Igreja Católica é a única Igreja que tem ligação direta com os apóstolos de Cristo, sendo ela a guardiã da doutrina ensinada por eles e por Cristo, sem lhe inculcar qualquer mudança. Se ela quisesse mesmo agir contra a ordem divina, teria adulterado a Bíblia nas passagens em que há a condenação das imagens.

Na Bíblia católica – pois a Bíblia protestante não contém sete livros relativos ao Velho Testamento- o Livro da Sabedoria condena como nenhum outro a idolatria (Sb 13-15). Não poderia a Igreja repudiar o livro como fizeram os protestantes?

Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como por exemplo: Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como: Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc.

Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia?

Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens. Quando o objetivo da imagem é representar, ou ser um ídolo que vai roubar a adoração devida a somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção. Vejamos os textos abaixo:

“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas àguas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira geração daqueles que me aborrecem.”(Ex 20,4-5)

Note que nesta passagem a função da imagem é roubar a adoração devida somente a Deus. O texto bíblico condena a confecção da imagem porque ela está roubando o culto de adoração ao Senhor. A existência deste mandamento se deve pelo fato do povo judeu ser inclinado à idolatria, por ter vivido no Egito que era uma nação idólatra e por estar cercado de nações pagãs, que não adoravam a Deus, e que construíam seus próprios deuses. Deus quer dizer aqui “não construam deuses para vocês, pois Eu Sou o Deus Único e Verdadeiro”.

“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele.” (Ex 25,18-19)

Neste versículo, Deus ordena a Moisés que construa duas imagens de querubins que serão colocadas em cima da arca-da-aliança, onde estavam as tábuas da lei, dos dez mandamentos. Veja que os querubins aqui não são objetos de adoração, mas de ornamentação da arca. Salomão também manda construir dois querubins de madeira, que serão colocados no altar para enfeitar o templo (1Rs 6,23-29).

Para deixar mais claro ainda a proibição e a permissão do uso das imagens sacras, vejamos os próximos versículos:

“E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo.” (Nm 21,8-9)

“Este [Ezequias] tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã.”(2Rs 18,4)

Note que no primeiro texto de Nm 21,8-9, Deus não só permitiu o uso da imagem, como também a utiliza para o seu serviço; e a transforma em objeto de benção para seu povo, sinal de Seu amor por Israel.

E no segundo texto de 2Rs 18,4 a mesma serpente de metal que outrora foi construída por Moisés, é repudiada por Deus. Tornou-se objeto de adoração pois “os filhos de Israel lhe queimavam insenso”. Deram a ela o culto devido somente a Deus. A Serpente de metal perdeu como nos mostra o texto, o seu sentido original, porque os filhos de Israel “não obedeceram à voz do Senhor, seu Deus; antes, tranpassaram seu concerto; e tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado, nem o ouviram nem o fizeram.”(2Rs 18,12)

Aí fica mais que claro que Deus não condena o uso das imagens sacras e sim a idolatria. É importante lembrarmos que há muitas outras formas de idolatria, como o amor ao dinheiro, aos bens materias, etc; que substituem o amor que devemos ter somente por Deus.

Diferença entre Imagem e Ídolo

Imagem não é o mesmo que ídolo. Chama-se ídolo: uma imagem falsa, um simulacro a que se atribui vida própria, conforme explica o profeta Habacuc (2, 18). Eis o que claramente indica Habacuc, dizendo: “Ai daquele que diz ao pau: Acorda, e a pedra muda: Desperta” (Hc 2, 19)

A Bíblia reza no livro de Josué: “Josué prostrou-se com o rosto em terra diante da arca do Senhor, e assim permaneceu até à tarde, imitando-o todos anciãos de Israel” (Jos 7, 6).

Terão sido idólatras Josué e os anciãos de Israel?

Foi Deus ainda que ordenou a Moisés levantar uma “serpente” de metal (Nm 21, 8) e todos os que olhassem para ela seriam curados. Ora, que “olhar” é esse que confere uma cura milagrosa diante de uma estátua de metal?

Temos as provas de como esse culto era já uma pré-figura do culto à Deus nas palavras de S. João, que diz que tal “serpente” era o símbolo do Cristo crucificado: “Bem como ergueu Moisés a serpente no deserto, assim cumpre que seja levantado o Filho do Homem” (Jo 3, 14).

Por acaso caíram também Moisés e S. João, e até o Espírito Santo (autor da Sagrada Escritura) em crime de idolatria? É claro que não.

A idolatria consistiria em achar que a divindade está em uma estátua, por exemplo. Ou seja, teríamos que colocar alimentos para as imagens, como faziam os romanos, os egípcios e os demais povos idólatras. Teríamos que achar que Deus e o santo são a mesma pessoa. No fundo, seria dizer que S. Benedito não é e nem foi S. Benedito, mas foi Deus, etc.

Nunca se ouviu algum católico defendendo que o Santo era Deus! Mesmo porque isso seria cair em um panteísmo (defendido por Calvino e Lutero em algumas de suas obras). Para se dizer que os católicos adoram os santos, eles teriam que dizer que S. Benedito, por exemplo, não é S. Benedito, mas Deus.

E, ainda mais difícil, os católicos teriam que afirmar que S. Benedito é a estátua, uma espécie de amuleto mágico…

Nenhum católico acredita que o santo seja Deus ou que ele seja a madeira da estátua (como uma divindade). Logo, não há idolatria possível, visto que esta consiste em adorar um falso deus.

Alguns protestantes argumentam que só é possível fazer imagens quando Deus expressamente permite. Pergunta-se: onde está essa norma na Bíblia? É uma contradição dos protestantes, pois tudo para eles está na Bíblia, todavia, para condenar os católicos, não é necessária a Bíblia…

Deus proíbe a idolatria e não o uso de imagens

O mesmo Deus, no mesmo livro do Êxodo em que proíbe que sejam feitas imagens, manda Moisés fazer dois querubins de ouro e colocá-los por cima da Arca da Aliança (Ex 25, 18-20). Manda-lhe, também, fazer uma serpente de bronze e colocá-la por cima duma haste, para curar os mordidos pelas serpentes venenosas (Num 21, 8-9). Manda, ainda, a Salomão enfeitar o templo de Jerusalém com imanges de querubins, palmas, flores, bois e leões (I Reis 6, 23-35 e 7, 29).

Ora, se Deus manda fazer imagens em várias passagens das Sagradas Escrituras (Ex 25, 17-22; 1Rs 6, 23-28; 1 Rs 6, 29s; Nm 21, 4-9; 1Rs 7, 23-26; 1 Rs 7, 28s; etc) e proíbe que se façam imagens em outra, de duas uma, ou Deus é contraditório ou fazer imagens não é idolatria!

Portanto, fica claro que o erro não está nas imagens, mas no tipo de culto que se presta à elas.

Os Judeus, saindo da dominação egípcia, um povo idólatra, tinham muita tendência à idolatria. Basta ver o que aconteceu quando Moisés desceu do Monte Sinai com as Tábuas da Lei e encontrou o povo adorando o “Bezerro de Ouro” como se ele fosse uma divindade, um amuleto. É claro, como permitir que um povo tendente à idolatria fosse fazer imagens.

Nas imagens católicas se representam os santos, que são pessoas que possuem virtudes que os tornam “semelhantes” a Deus, como afirmou S. Paulo: “já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim“.

Nas catacumbas encontram-se, em toda parte, imagens e estátuas da Virgem Maria; prova de que tal culto existia no tempo dos apóstolos e foi por eles praticado, ensinado e transmitido à posteridade. Uma das imagens de Nossa Senhora, segundo a tradição, foi pintada pelo próprio S. Lucas e está na catedral de Loreto, exposto à veneração dos fiéis.

As imagens católicas representam pessoas virtuosas. Virtude essa que provém da graça de Deus. O mesmo não se dava na idolatria, pois os povos idólatras representavam as virtudes e os vícios em seus ídolos.

“VAMOS ENTENDER o preceito do Êxodo 20,1-4 contra a idolatria…… —>

Não terás “OUTROS DEUSES” diante de mim, não farás para ti imagem de escultura, não te encurvarás a elas e nem a servirás ! —> Não terás ” OUTROS DEUSES”….. Não terás “OUTROS DEUSES”… Não terás “OUTROS DEUSES”…. “Não terás “OUTROS DEUSES”…. diante de mim….
REPITA VARIAS VEZES, MAS PENSANDO… este versiculo até entender. DEPOIS leia o resto e ENTENDERÁ que a proibição se refere a “imagens de OUTROS DEUSES” (=ídolo)
Proibido “imagens de OUTROS DEUSES” (=ídolo)
Proibido “imagens de OUTROS DEUSES” (=ídolo)
Proibido “imagens de OUTROS DEUSES” (=ídolo)
Se não for falso deus (=ídolo): PODE FAZER ESTATUA, IMAGEM
Se não for falso deus (=ídolo): PODE FAZER ESTATUA, IMAGEM
Se não for falso deus (=ídolo): PODE FAZER ESTATUA, IMAGEM
LENDO AGORA DEVAGAR: …. Não terás “OUTROS DEUSES” diante de mim, não farás para ti imagem de escultura, não te encurvarás a elas e nem a servirás ! – Entendeu a que tipo de proibição de imagens Deus se refere ? Se eles pensam que nossas imagens são deuses isso chama-se idolatria protestante.”

OS ÍDOLOS “eidolon” SÃO OBRAS DE MÃOS HUMANAS:
Sl 135:15: “OS ÍDOLOS dos pagãos não passam de prata e ouro, SÃO OBRAS DE MÃOS HUMANAS.” (Bíblia Católica Sl 134, 15)

OS SANTOS SÃO OBRAS DE DEUS:
Ex 31,13: “EU SOU o Senhor que vos santifico.”
Sl 37:29: “[Mas] OS SANTOS possuirão a terra, e a habitarão eternamente.”
(Bíblia Católica Sl 36,29)
Ao confundir os santos com ídolos você estará difamando os que moram no céu, A PALAVRA DIZ QUE A BESTA DIFAMARÁ OS SANTOS DO CÉU Ap 13,6″Ela abriu a boca PARA BLASFEMAR contra Deus e amaldiçoar o seu nome e o seu tabernáculo, OS QUE HABITAM NOS CÉUS. ”

Com efeito, se Deus mandou fazer imagens é por que, na verdade, elas eram ÚTEIS e BENÉFICAS. Não cabe na cabeça de uma pessoa sensata que, sendo Deus perfeitíssimo, mandasse produzir algo que fosse inútil e prejudicial.

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