
A fala é sem duvida, o meio mais importante e comum de o homem se comunicar. Mas não será o único nem o mais profundo.
Assim, quando o Concilio Vaticano II pede uma participação ativa e consciente na Liturgia para que ela seja frutuosa, muitos infelizmente se preocuparam com a participação falada. Pensa – se que quanto mais se fala na Missa, quando mais se canta do começo ao fim, tanto melhor se participa dela. Pode existir nisso um grande equivoco que devemos evitar.
O importante na Liturgia é comunicar-se com Deus. E para nós nos comunicarmos com Ele de várias maneiras. Temos antes de mais nada a linguagem falada. Alem disso comunicamos com Deus, escutando. Eis o sentido do canto executado por outros, como os solos e os cantos a mais vozes.
Podemos comunicar-nos ainda pela vista. Eis o sentido dos gestos, das cerimônias, da arte, dos paramentos, da ornamentação da igreja. Tudo nos quer levar a uma atitude de elevação religiosa.
Por fim, uma das linguagens mais significativas é certamente o silêncio, tão pouco respeitado em nossa liturgia. O silencio é importante para escutar, o silencio é para ver, o silencio é para meditar.
Não queremos encher tudo com o canto, com palavras, com barulho. Quanto mais uma comunidade compreender o que a Liturgia, mais ela fará o silencio para que Deus possa falar em seu coração.
Por isso, devemos valorizar os momentos de silencio previstos na Missa: o exame de consciência no inicio, a oração silenciosa do oremos antes da Coleta, um silencio de escuta a meditação depois das leituras sem aquela preocupação de encher o tempo com o canto.
A preparação das oferendas pode ser feita em silencio, acompanhando os gestos do celebrante, preparando os nossos corações para o louvor e o sacrifício. Em si não é previsto nenhum canto na hora do “Ofertório”.
O silencio interior, a participação interior através do escutar fará com que não queiramos dizer toda a Oração Eucarística com o celebrante, como infelizmente, por falta de compreensão dos diversos modos de participar, muitas vezes se faz.
Por fim o silencio da Comunhão. Onde há verdadeiro encontro de amor, a linguagem mais eloqüente será a do silencio. Devemos respeitar este silencio entre a pessoa e Deus, não colocando a todo custo cantos para ocupar durante a Comunhão.
Tenho a impressão de que muitas comunidades estão cansadas de tanta falação durante a Missa. É preciso descobrir de novo a linguagem do silêncio.
O que foi dito a respeito da Missa vale da Liturgia em geral e de modo particular para a Liturgia das Horas. Eis o que diz a Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas. “ Dado que nas ações litúrgicas deve-se procurar em geral que se guarde em seu tempo um silencio sagrado, dê-se ocasião de silencio também na celebração da Liturgia das Horas. Por conseguinte, se parecer oportuno e prudente, para facilitar a plena ressonância da voz do Espírito Santo nos corações e para unir mais estreitamente a oração pessoal com a Palavra de Deus e com a voz pública da Igreja, pode-se também intercalar um tempo de silencio, após cada salmo, tendo repetido sua antífona, segundo antiga tradição, sobretudo se depois do silencio acrescentara coleta do salmo (cf n. 112); ou após a leituras, sejam breves ou longas, antes ou depois do responsório. Contudo deve-se evitar introduzir um silencio tal que deforme a estrutura do Ofício, ou que ocasione mal estar ou tédio aos participantes”.
Do livro Símbolos Litúrgicos – Frei Alberto Beckhauser
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