O ciclo do Natal engloba o tempo do Advento, como preparação, as festas do Natal que inclui a Epifania, como chegada e realização, e o tempo do Natal, como prolongamento com as festas da Sagrada Família, de Maria, Mãe de Deus, encerrando com a festa do Batismo do Senhor. Nele fazemos memória da vinda salvífica do Senhor, da sua manifestação na fragilidade de nossa carne, na contingência e contradições de nossa história, enquanto aguardamos seu novo Natal, seu Reino, sua vinda definitiva e gloriosa no fim dos tempos.
As festas natalinas: Natal e Epifania
Natal é o Mistério, sacramento da humanização de Deus e da divinização humana. A salvação entra definitivamente em nossa história pela porta dos pequenos, e a contemplamos na singeleza do menino de Belém, na visita dos pastores e dos magos ao presépio, no Batismo de Jesus no Jordão, quando o Pai o proclama: Filho amado a quem devemos ouvir. Contemplamos o nascimento do Senhor, não como um acontecimento isolado, mas plenamente conjugado com o mistério de sua páscoa e da parusia. Sendo assim, a Epifania é para o Natal, o que Pentecostes é para a Páscoa: seu desenvolvimento e proclamação ao mundo. É o desfecho radiante do Natal!
O tempo do Natal
Pertencem ao ciclo da Natal as festas de Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro), da Sagrada Família e do Batismo do Senhor. Outras festas estão na semana dentro da oitava do Natal: Santo Estevão, o primeiro mártir (dia 26); São João apóstolo e evangelista, o discípulo amado (dia 27) e os Santos Inocentes, mortos por Herodes (dia 28).
Maria, Mãe de Deus
A festa do Natal põe em realce dois aspectos complementares do mesmo mistério: a encarnação do Filho eterno de Deus Pai, e a maternidade divina de Maria, que decorre da divindade de Jesus de Nazaré, de quem ela é a Mãe. Celebramos também o dia mundial da Paz; Deus, ao vir à terra, instaura um tempo em que a paz se torna possível porque a reconciliação também. Também celebramos o início de mais um ano civil.
Todos queremos um ano novo abençoado. E bênção é Deus mostrando-nos sua face, vivendo conosco. Mas, a bênção maior é Deus em Jesus, “nascendo de mulher”, tornar-se um de nós, e assim nos introduzir em sua família divina, como filhos adotivos de seu mesmo Pai. Essa bênção os pastores viveram em Belém e saíram anunciando a todos: a alegria do nascimento de nosso Salvador. Dessa bênção vem também a desejada paz: paz nos corações, nas famílias, na sociedade… fermento da paz e fraternidade universais!
Sagrada Família
O sentido teológico desta festa afina-se com o sentido teológico do Natal/Epifania, ou seja, é manifestação do Senhor na realidade familiar, como consequência de sua encarnação: veio para fazer parte da família humana, vivendo na obediência e no trabalho de uma família concreta, com todas as suas contingências. A família de Nazaré, única e irrepetível, é indicada como modelo para qualquer família cristã.
Importante salientar o plano de Deus para a família e os valores importantes a serem vividos nas relações domésticas. É preciso ter o cuidado, no entanto, para não excluir, com posturas moralizantes, as famílias que não conseguem estar inclusas nesse modelo perfeito da família de Nazaré. Sugere-se valorizar os personagens do presépio (Maria, José e o Menino Jesus), dar uma bênção especial ou fazer uma oração de envio a todas as famílias, para que possam dar seu testemunho de amor na sociedade.
Batismo do Senhor
No domingo depois da Solenidade da Epifania, celebra-se a Festa do Batismo de Jesus, que conclui o tempo litúrgico do Natal. O batismo de Jesus no rio Jordão nos revela a identidade do Nazareno, filho de Maria: ele é o Filho de Deus, o Messias esperado para “anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação dos presos, e dos cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,18-19). Nesta festa, somos convidados a celebrar e renovar nosso batismo, no qual cada um de nós recebemos a identidade de filhos de Deus e por isso também missionários.
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