A liturgia do Natal

Embora seja a segunda maior solenidade do ano litúrgico, atrás da Páscoa, a liturgia do Natal não tem muitas particularidades referentes aos ritos. Contudo, alguns detalhes podem ser observados para a melhor e correta celebração e mais aprofundada espiritualidade de uma das noites mais belas do ano civil também, ainda que não se iguale à Vigília Pascal.

As indicações a seguir são feitas mediante as experiências nas igrejas, o que pode ser aplicado universalmente em vista da celebração papal e também como forma de coibir algumas imprecisões e sanar algumas dúvidas.

Preparativos

 

Antes do canto do Precônio Natalino ou Kalenda

1. Como dissemos, embora não seja Vigília Pascal, não é obrigatório que a igreja esteja escura. Contudo, para referir ainda mais que nesta Missa é celebrado o Mistério da encarnação da Luz do mundo, no Vaticano, por exemplo, há 2 iluminações: uma penumbra antes do canto da Kalenda e a iluminação plena e comum momentos antes do início da Missa.

2. Ainda comparando com a Vigília de Páscoa, a Missa da Noite de Natal não é propriamente um marco litúrgico do Mistério celebrado: o Sábado de Aleluia, ao contrário, é uma divisão entre a morte e a vida. A Missa “do Galo”, porém, não apresenta nenhum limite entre 2 períodos: desde o seu início, já é Natal; desde o seu início, a Missa é comum, diferentemente da Vigília Pascal, com um rito próprio e único. Portanto, não há por que marcar o início do Natal apenas com o ingresso da Imagem do Menino Jesus durante o canto do Glória, que desvia a atenção de todos. É mais adequado que ou a Imagem esteja velada ou seja colocada no altar após o canto da Kalenda ou, se esta não for feita, antes do início da Missa.

Kalenda

3. Qualquer pessoa, ordenada ou não, pode cantar o Precônio Natalino, do ambão, mas antes da Missa, uma vez que ele não faz parte do rito desta. É um texto antigo, que marca historicamente a encarnação de Deus como homem, ou seja, situa no tempo este Mistério. Após o canto, a Imagem do Menino Jesus ou é desvelada (se um digno tecido a encobria) ou é colocada no altar.

Evite-se imitar aleatoriamente o Vaticano: porque na Basílica é armado um lugar para a Imagem e o Evangeliário, não quer dizer que isto pode e deve ser feito em todos os lugares. Dois motivos: o principal, o costume é que a Imagem seja posta no altar, como a cruz, aos pés desta. Se isto for possível, ótimo, de modo que Ela esteja voltada para o povo. Além disto, as rubricas comuns a todos indicam que o Evangeliário, após a proclamação, seja posto em lugar adequado. O costume no Vaticano é próprio de lá, segundo uma tradição e permissão dos Sumos Pontífices. Segundo motivo: nem todas as igrejas têm a estrutura da Basílica Vaticana. Portanto, em determinadas igrejas, se for armado, desnecessariamente, algo semelhante ao Vaticano, o altar será pouco visualizado pelos fiéis mais distantes dele, o que afronta as rubricas do Missal.

A Missa da Noite de Natal

 

 

Paulo VI durante a consagração do vinho, na Missa da Noite de Natal.
É possível ver a Imagem do Menino Jesus ao pé da cruz do altar

4. A Missa é iniciada como todas as outras. Um detalhe: o incenso que acompanha a procissão não é por causa desta, mas sim para incensar o altar. O rito antigo, nas Missas solenes, tem o turíbulo com brasas acesas desde a procissão, mas só é deitado incenso nele quando da incensação do altar. Ou seja, se o turíbulo, na forma nova, chegar ao altar ainda fumegante, não é necessário deitar mais incenso. Isto é um erro que se transformou em regra.

5. Sabemos que imagens no altar só são incensadas no início da Missa. Portanto, segue esta ordem: incensação da cruz, do altar, da Imagem do Menino Jesus quando estiver diante dela (presumimos que no altar ou imediatamente diante dele) e do resto do altar. O rito antigo prescreve três ductos (ou seja, 3 vezes) de 2 ictos (isto é, 2 movimentos na horizontal) como incensação das imagens de Nosso Senhor. No ofertório, porém, nada mais é incensado além das ofertas, da cruz, do altar, do Celebrante, dos eventuais Concelebrantes e do povo.

6. Não é adequado que os sinos toquem durante todo o canto do Glória, o que o abafaria e se tornaria uma confusão de sons. Tal como no Vaticano, nas Missas do Natal, da Ceia do Senhor e da Vigília Pascal, os sinos podem ser tocados ou antes do Glória ou na introdução dos arranjos musicais do canto. Depois, o som é cessado.

7. É rubrica do Missal Romano: às palavras “E se encarnou pelo Espírito Santo” até “e Se fez homem”, obviamente do Credo Niceno-Constantinopolitano, se cantado, se joelha; se rezado; genuflete apenas com o joelho esquerdo. Para a participação adequada de todos os fiéis neste significativo gesto, é necessária uma adequada explicação ou antes da Missa ou após a homilia, em breves e claras palavras.

8. Convém que seja rezada a Oração Eucarística I, também em vista das orações próprias desde a Missa da Noite até o fim da Oitava do Natal. Na Missa da Noite, reza-se “Em comunhão com toda a Igreja celebramos a noite santa em que a Virgem Maria…”. No dia de Natal até o fim da Oitava, celebrados liturgicamente como um só dia, reza-se “Em comunhão com toda a Igreja celebramos o dia santo em que a Virgem Maria…”.

9. A Missa segue conforme o costume até o fim.

10. Após a bênção final, a Imagem do Menino Jesus pode ser conduzida até o presépio, que também presumimos que não foi realizado no presbitério, o que seria muito inconveniente. Em outra procissão, em procissão comum, não seria necessário o uso de incenso (que, infelizmente, também é um erro que se tornou regra). Contudo, a procissão para o presépio pode ser igual à inicial, uma vez que ele será incensado. Só deve haver bênção do presépio se este for novo, do contrário, só incensação.

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