Antes de mais nada é bom lembrar que nossa Igreja segue um RITO, que é o RITO ROMANO, e que tem uma norma para celebrar este rito, que vem de muitos séculos, e já passou por diversas maneiras de celebrar o Mistério Pascal de Cristo, sem perder a sua essência. Esta norma está expressa no MISSAL ROMANO, e que tem no seu início a chamada “INSTRUÇÃO GERAL DO MISSAL ROMANO” (IGMR), que fala da importância do rito e a sua maneira de celebrá-lo para exprimir o seu sentido teológico e litúrgico.
A IGMR diz que na celebração Eucarística temos dois tipos de inclinações.
1. Inclinamos SÓ a cabeça:
— nomeiam juntas as três Pessoas Divinas;
— ao nome de Jesus;
— ao nome da Virgem Maria;
— ao Santo em cuja honra se celebra a Missa (IGMR, 275).
2. Inclinação de CORPO, ou inclinação profunda:
— ao altar (IGMR, 49, 12, 211…);
— à oração diante do Evangeliário que está no altar: “Ó Deus todo-poderoso, purificai-me o coração e os lábios, para que eu anuncie dignamente o vosso santo Evangelho” (IGMR 132);
— à oração depois de colocar o cálice sobre o altar, na apresentação dos dons; “De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vós; e seja o nosso sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus” (IGMR 143);
— no símbolo (Credo) às palavras: “E se encarnou…” (IGMR, 137);
— no Cânon Romano (Oração Eucarística I) às palavras: “Nós vos suplicamos…” (IGMR, 276).
A inclinação profunda que todos que fazem na procissão de entrada chama-se VÊNIA. Esta inclinação é feita para o altar e não para a cruz: “Chegando ao presbitério, o sacerdote, o diácono e os ministros saúdam o ALTAR com uma inclinação profunda” (IGMR, 49).
Quem traz o Evangeliário e também a cruz processional, NÃO fazem a vênia porque já trazem o sinal do Cristo, na palavra e na imagem. Já que o sinal é feito para o altar, que é o sinal do Cristo, aqueles que já trazem este sinal em suas mãos não precisam fazer a reverência.
Qual o sentido destas inclinações?
Indica o respeito e o reconhecimento a superioridade do outro. É um gesto claramente expressivo do humilde respeito que sentimos diante de uma pessoa ou no momento em que pronunciamos uma oração de humildade diante de Deus.
O orgulhoso não inclina a cabeça, nem o corpo. Permanece de pé, rígido, ereto, auto-suficente. É o nosso ser íntimo que compete mostrar o respeito a Deus, e fazer-se pequeno diante Dele, reconhecendo-o superior.
A linguagem de nosso corpo nos ajuda a expressar essa fé interior. O gesto exterior é a realização global – espírito e corpo – de nossos sentimentos. Expressa-os e os alimenta continuamente.
Não deveríamos descuidar dessa linguagem corporal, nem utilizá-la excessivamente, a tal ponto que já não expresse nada.
No momento de fazer o gesto não haveríamos de ter medo de fazê-lo com clareza. Nessa relação misteriosa de fé com o Mistério de Cristo, que celebramos em nossa liturgia, entra todo o nosso ser, e não apenas nossa mente ou nosso coração.
Cada vez que aprofundamos a liturgia mais nos apaixonamos por ela!
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