No Missal Romano, são previstas três fórmulas para o Ato Penitencial: O Confiteor (Confesso a Deus) com o Kyrie, o Miserere (Tende piedade de nós) com o Kyrie, e o Responsório. Na maioria das nossas paróquias, a fórmula mais usada é a terceira, normalmente de modo abusivo. Ainda há a aspersão de água benta, que substitui o Ato Penitencial. Trataremos disso em um artigo posterior.
I Fórmula – Confiteor
Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões: por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos anjos e santos e a vós, irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus, Nosso Senhor.
Deus todo poderoso tenha compaixão de nós
Perdoe os nossos pecados e nos conduza a vida eterna
Amém
Kyrie Eleison. Christe Eleison. Kyrie Eleison
O Confiteor (Confesso a Deus) é uma oração penitencial em que reconhecemos e confessamos ser pecadores, pedimos perdão a Deus e invocamos a intercessão dos santos e dos homens para que não voltemos a ofender a Deus. A origem dessa oração é uma das muitas apologias da Liturgia do primeiro Milênio. Sua fórmula foi se desenvolvendo ao longo dos séculos, mas por volta do século XIV já possuía quase idêntico o texto que conservou até a Reforma Litúrgica do Concílio Vaticano II, a qual diminuiu e simplificou a oração.
Após a oração do Confiteor, tem-se a absolvição “Deus todo poderoso tenha compaixão… etc“, que embora seja uma súplica pelo perdão de Deus não tem o poder de uma absolvição sacramental – ou seja, não apaga os pecados mortais – e então se canta ou reza o Kyrie.
II Fórmula – Miserere
Tende compaixão de nós, Senhor.
Porque somos pecadores
Manifestai Senhor a vossa Misericórdia.
E dai-nos a vossa salvação
Deus todo poderoso tenha compaixão de nós
Perdoe os nossos pecados e nos conduza a vida eterna
Amém
Kyrie Eleison. Christe Eleison. Kyrie Eleison
Miserere do latim quer dizer “Tem piedade de nós“. É com estas palavras que se inicia a segunda fórmula do Ato Penitencial, o responsório. O segundo verso é conhecido da Liturgia Romana, utilizado sobretudo no fim das orações ao pé do altar da Missa Tridentina:
Ostende nobis Domine misericordiam tuam
Et salutare tuum da nobis (Salmo 85,7)
O primeiro verso, no entanto, tem origem obscura. Não vem de nenhum trecho das sagradas escrituras e não era utilizado anteriormente na Liturgia. 5
Após o Responsório, tem a absolvição e o Kyrie.
III Fórmula – Kyrie com Tropos
Por volta do século IX, as melodias do Kyrie foram se tornando mais e mais complexas. Sempre cantadas pela schola cantorum, isto é, pelo coro de músicos altamente treinados, começaram a surgir pequenas orações recitadas enquanto o coro cantava o Kyrie. Estas orações ganharam o nome de Troppos. Um exemplo deste uso muito famoso é o Kyrie Fons Bonitatis. No vídeo abaixo, vemos o cantor inicialmente cantar o Kyrie, tal qual ele é. Depois, por volta dos 2:25, inicia o canto do Kyrie com o Troppo Fons Bonitatis. Esta maneira de se cantar o Kyrie se tornou muito comum durante a Idade Média.
A terceira fórmula do Ato Penitencial se aproxima um pouco deste uso. Ela prescreve pequenos versículos (troppos) entre as aclamações Kyrie / Christe Eleison. O Missal Romano prescreve várias delas , mas, na rubrica, deixa aberto o texto para “adaptações”.
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