O Véu jamais foi abolido da Sagrada Liturgia

 

Sou suspeito para falar. Pois sendo homem, evidentemente não uso véu. Mas confesso: me causa estranheza quando vejo se referirem ao uso do véu como, essencialmente, “mortificação”, “sacrifício à ser oferecido”, etc. Pois para mim, o véu soa como algo tão bonito, tão doce, tão suave…

Em primeiro lugar, é preciso compreender que o véu jamais foi abolido da Sagrada Liturgia. Mas, havendo sido suprimida a sua obrigatoriedade canônica, acabou por cair parcialmente em desuso no ocidente.

No oriente, porém, esta tradição se mantém muito viva. E nos remete diretamente à Igreja Primitiva.

Não há dúvidas, portanto, que é um sinal tradicional da Liturgia Católica. Mesmo aqui no ocidente, embora tenha caído em parcial desuso nos últimos 40 anos, manteve-se como costume por quase 2000 anos!

Mas não basta só sabermos que é um sinal litúrgico tradicional. Embora esse seja o dado mais claro em um primeiro momento, precisamos compreender o seu significado.

É preciso ter em mente que na Sagrada Liturgia todos os sinais externos tem um significado profundo: os paramentos litúrgicos, os gestos externos, o dobrar os joelhos para a adorar ou pedir perdão, as castiçais, o incenso, o latim…com o véu, não é diferente!

Em um primeiro momento, pode parecer machismo a afirmação de São Paulo aos Coríntios, quando afirma que o véu é para mulher um sinal de sujeição (1Cor 11, 10). Mas se parece, só parece: ora, cabe lembrar que o mesmo São Paulo, falando aos Efésios (Ef 5, 21-33) utiliza a mesma afirmação quando faz a analogia que liga o homem à Nosso Senhor (que amou e se entregou pela Igreja) e a mulher à Igreja (que é submissa à Nosso Senhor). E aqui há um rico simbolismo! Esta submissão, evidentemente, à luz da doutrina católica, de forma alguma pode significar para a mulher a sujeição à um autoritarismo machista, mas sim a seu zelo em ser mãe e esposa como a essência da sua vocação matrimonial; e se há aqui algo que Nosso Senhor espera da mulher, também há algo muito mais desafiador que Ele espera do homem: “Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5, 25). E isto por si só já descarta qualquer autoritarismo!

Longe de o véu, portanto, atentar contra a dignidade da mulher. Muito pelo contrário: a mulher é a glória do homem e a glória da criação do próprio Deus (1Cor 11, 7); a imagem bíblica da própria Santa Igreja, que é a noiva do Cordeiro (Ap 19, 7). Que grande dignidade isso lhe confere!
O que ilumina mais a questão é quando São Paulo fala aos Coríntios (1Cor 11, 4-7) de simbolismo adequado à diferença entre homem e mulher: enquanto é decoroso para o homem participar do Rito de cabeça descoberta, é decoroso para a mulher participar do Rito e cabeça coberta.

À grosso modo, um homem tirar um chapéu ou um boné ao entrar em local sagrado em sinal de respeito (isto é, descobrir a cabeça) corresponde à uma atitude semelhante da mulher que coloca um véu quando entra no local sagrado (isto é, cobrir a cabeça, e não com uma peça qualquer, mas com uma peça digna e especialmente preparada para este fim).

Lembro das sábias palavras de São Josemaria Escrivá, recordando seus tempos de infância: “Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor”. Afirma ainda: “Quando na terra se recebem pessoas investidas em autoridade, preparam-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira não devemos preparar-nos?” (“Homilias sobre a Eucaristia”, Ed. Quadrante)

Acaso o uso do véu não seria uma dessas delicadezas, próprias de mulheres apaixonadas pelo Deus-Amor Sacramentado?

Na Sagrada Liturgia, cobre-se delicadamente a dignidade dos diversos elementos litúrgicos: o véu frontal que cobre o Sacrário, o véu que cobre o cálice e o cibório, a toalha branca que cobre o altar, a casula que cobre o sacerdote que oferece o Santo Sacrifício da Missa.

Assim é o véu que cobre a mulher, chamada a ser pela Sagrada Comunhão, de forma especial, como a doce e bela Virgem Maria: Sacrário vivo do Corpo de Deus.

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