O sacerdote deve ser exemplo da humildade, da obediência e da abnegação do Salvador. A batina e o hábito o ajudam a praticar a pobreza, a humildade no vestiário, a obediência à disciplina da Igreja e o desprezo das coisas do mundo. Vestindo a batina, dificilmente se esquecerá o sacerdote de seu importante papel e sua missão sagrada ou confundirá seu traje e sua vida com a do mundo.
São Bernardo lembra que a vestimenta dos padres deve ser o sinal exterior de suas virtudes interiores. O Concílio de Trento traz a famosa expressão (muitas vezes deturpada em seu sentido original): “Mesmo considerando que o hábito não faz o monge, é necessário que os religiosos vistam sempre um hábito adequado a seu estado.” O primeiro Concílio de Milão (1565) impôs a cor negra e o quarto (1576) lembra a obrigação de usar a batina na Igreja mesmo quando não se use a capa.
O Papa Sixto V, trará, por assim dizer, a pedra final ao edifício com a Constituição “Cum Sacrosancta”, obrigando os padres a usar a batina. Impôs punições severas a quem desobedecesse. Quatro anos mais tarde esta lei será abrandada, voltando à interpretação mais genérica que prevalecera no Concílio de Trento; os padres devem usar um hábito conveniente a seu estado e de acordo com as disposições de seu bispo.
O Código de 1917 (can. 136) pede aos padres que usem um hábito eclesiástico conveniente (decentem) segundo os legítimos costumes do lugar e do Bispo. Sem outras definições mas com penalidades que podem ir até à perda do cargo ou estado clerical.
Pouco antes do Concílio Vaticano II, o Sínodo de Roma de 1960 lembra que os padres residentes em Roma devem usar a batina. Nos documentos posteriores ao Concílio encontramos, sobretudo, argumentação para convencer os padres a usar a batina nesta época de tantas contestações.
Em 1966, a Conferência Episcopal Italiana aconselha que para “vantagem pessoal do padre” e “edificação da comunidade, a batina deve ser a vestimenta normal dos padres”; o clergyman sendo reservado para as viagens ou quando for necessário por comodidade…
Neste mesmo ano, a Cúria alerta que os padres que trabalham no Vaticano devem usar a batina. E Paulo VI se lamentou em 17 de Setembro de 1969: “fomos longe demais na intenção, em si louvável, de inserir o padre no contexto social, até o ponto de secularizar sua forma de viver, de pensar, e mesmo seu hábito, com o grave risco de enfraquecer sua vocação e de ridicularizar seus compromissos”.
O Papa João Paulo II em um discurso no ano de 1978 disse ao clero: “Não nos iludamos julgando servir o Evangelho se tentamos ‘diluir’ o nosso carisma sacerdotal mediante um interesse exagerado pelo vasto campo dos problemas temporais, se desejamos ‘laicizar’ o nosso modo de viver e de proceder, se apagamos até os sinais exteriores da nossa vocação sacerdotal. Devemos conservar o sentido da nossa singular vocação, e tal ‘singularidade’ deve exprimir-se também no nosso vestuário exterior. Não nos envergonhemos! Sim, estejamos no mundo! Mas não sejamos do mundo!” (Papa João Paulo II, discurso ao clero romano).
O Papa Bento XVI exortou os padres católicos a recuperarem o uso da batina para estarem presentes, identificados e reconhecidos nas várias áreas da sociedade moderna: “É urgente recuperar a consciência que impele aos sacerdotes a estarem presentes, identificáveis e reconhecíveis, tanto pela sua fé, pelas virtudes pessoais como pelos hábitos, cultura e caridade que foi sempre o centro da missão da Igreja “. (Bento XVI em audiência com a Congregação para Clero).
Isto posto, resta-nos rezar pelos poucos padres que ainda usam batina para que não a abandonem, uma vez que o que temos por dentro se reflete por fora e, principalmente, pelos que não a usam: Ó Jesus, Sacerdote eterno, dai à vossa Igreja sacerdotes piedosos, zelosos e santos, que a vosso exemplo sejam adoradores perfeitos do Pai que está no Céu. E se entre aqueles que chamastes alguns existem que se desviaram ou se tornaram indignos de sua vocação, chamai-os e acolhei-os novamente, Senhor, reparando com a abundância eficaz de vossa graça as faltas cometidas, a fim de que não haja na pátria brasileira mãos indignas que profanem os vossos mistérios de amor. Nós Vo-lo pedimos por intermédio de Maria Santíssima, nossa e Vossa Mãe e Rainha do Clero. Assim seja.
Deixe um comentário